Pelo 9º ano consecutivo, a Bahia ocupa o topo do ranking nacional de homicídios. De acordo com o Atlas da Violência 2025, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o estado registrou 6.616 mortes violentas intencionais em 2023, respondendo por cerca de 14% de todos os homicídios do país.
Apesar de uma queda de 2,4% em relação a 2022 (quando foram contabilizados 6.776 casos), a Bahia continua a ser o estado com maior número absoluto de homicídios no Brasil, mantendo uma posição crítica no cenário nacional da segurança pública. A taxa de homicídios foi de 43,9 por 100 mil habitantes, bem acima da média nacional, de 21,2.
A capital, Salvador, registrou 1.346 assassinatos em 2023, e continua entre as cidades brasileiras com maior número de homicídios, ao lado de Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. A maior parte dos crimes se concentra em bairros periféricos e de alta vulnerabilidade social, onde a presença do Estado é mínima e grupos armados disputam território.
O relatório confirma uma tendência persistente: as vítimas de homicídio na Bahia são, majoritariamente, jovens negros do sexo masculino, com idade entre 15 e 29 anos. Em 2023, mais de 90% das vítimas no estado eram negras, e 91,2% dos assassinatos foram cometidos com armas de fogo.
Em nível nacional, o Atlas da Violência aponta uma queda de 2,3% na taxa de homicídios, com 45.747 mortes registradas em 2023 — menor índice dos últimos 11 anos. A trajetória de queda teve início em 2018, após anos de escalada entre 2013 e 2017, quando o país chegou a registrar mais de 65 mil homicídios anuais.
Contudo, os pesquisadores alertam para a presença crescente dos chamados homicídios ocultos — mortes classificadas como “violentas por causa indeterminada” (MVCI), que, segundo estimativas por inteligência artificial e análise de padrões, seriam, em boa parte, homicídios subnotificados.
Entre 2013 e 2023, o país teve mais de 51 mil homicídios ocultos, que não entram nos dados oficiais, o que indica que a violência pode ser ainda maior do que as estatísticas revelam. O relatório reafirma que 76,9% das vítimas de homicídios no Brasil em 2023 eram pessoas negras.
Além disso, o estudo destaca que, embora alguns estados como São Paulo, Espírito Santo, Goiás e Paraíba tenham registrado quedas consistentes nos últimos anos, resultado de investimentos em inteligência policial, programas sociais e ações coordenadas, a Bahia ainda está distante desse modelo.
Comente este post